The Legend of Zelda: Ocarina of Time – 20 anos de um clássico absoluto


Ocarina of Time é um jogo especial. Ele foi lançado para o Nintendo 64 em novembro de 1998 e, mesmo que eu esteja escrevendo este texto um pouco depois de sua data oficial de lançamento, acho que não tem nada mais apropriado do que celebrar seus vinte anos justamente numa época de gratidão como o natal.

Para mim, OoT não é o meu jogo favorito de todos os tempos. Ele não é nem mesmo o meu Zelda favorito (a coroa vai para Majora’s Mask ou Breath of the Wild), mas uma coisa é certa: nenhum outro jogo teve um impacto tão gigantesco na minha vida quanto ele. Se eu parasse para pensar numa única palavra para descrever minha experiência com Ocarina na sua época de lançamento, seria “mágica”.

Eu ainda me lembro da primeira vez que botei meus olhos no game. Foi na casa de um amigo que já estava próximo do final da aventura. Ele me mostrou o Link adulto saindo do Temple of Time e indo para a cidade, totalmente dominada pelas forças de Ganondorf. A atmosfera daquele lugar, a imagem de um herói silencioso com sua túnica verde enfrentando todo tipo de desafio com uma coragem inesgotável, as músicas, a companhia da fadinha Navi, aquele mundo enorme (para a época) de Hyrule, a espada no pedestal fazendo a transição entre passado e futuro…

Tudo isso capturou minha imaginação de uma forma que eu nunca teria antecipado. Fiquei inquieto e enchendo meus pais por um tempão para que comprassem o jogo para mim e, quando meu pedido foi finalmente atendido, nada conseguia bater minha felicidade. Eu joguei e rejoguei Ocarina of Time mais vezes do que eu consigo me lembrar e foi incrível.

Ocarina foi revolucionário para sua época. Em meados da década de 90, ninguém tinha muita ideia de como fazer bem a transição do 2D para o 3D. Não foi o caso da Nintendo. Assim como com Super Mario 64, a Big N acertou em cheio na hora de fazer o novo Zelda. Pouquíssimos jogos conseguiram ser tão brilhantes e criativos quanto Mario 64 e Ocarina of Time e é possível perceber a influência de ambos no mundo dos videogames até hoje. No caso de Ocarina, basta observar como o Z-targeting funciona e permite que o combate tenha uma dimensão mais estratégica do que em A Link to the Past, para citar apenas um exemplo de algo usado até hoje.

A introdução de Ocarina também é incrivelmente memorável. A “mágica” que mencionei antes já começa na primeira dungeon, Inside the Deku Tree, um calabouço que serve de tutorial para muitas das mecânicas do jogo. Você aprende que cada dungeon/templo tem um tema (floresta, água, fogo, sombras). Que há portas que você só consegue acessar com small keys. Que você vai encontrar um item (nesse caso, um estilingue) e que ele será uma das chaves para derrotar o chefão do templo. Também aprende que os combates contra esses chefes são um dos pontos altos da aventura, a começar justamente pelo primeiro, que você precisa acordar ao olhar para cima e descobrir que é uma aranha gigante cujo ponto fraco é o olho. É maravilhoso e, nas palavras de Todd Howard, “it just works”

São inúmeros os momentos marcantes desse Zelda, como a primeira vez que você chega a Hyrule Field, após descobrir como sair da armadilha do diálogo com a coruja Kaepora Gaepora (garanto que TODO MUNDO já ficou preso nela por escolher a opção errada). O primeiro contato com a Princesa Zelda. A amizade com os simpáticos Gorons e o teste de paciência com a animação lentíssima do Rei Zora para sair do lugar. Também é inesquecível visitar o Lon Lon Ranch e conhecer a Epona (aka a melhor égua do mundo dos games). E nada bate a primeira vez que Link retira a Master Sword do pedestal e fica adormecido por sete anos. Sem falar, claro, dos 8 templos principais do game.

Eu acho que não há uma dungeon sequer que seja ruim em Ocarina of Time. As minhas favoritas certamente são Forest Temple (simplesmente amo a luta contra o Phantom Ganondorf e como ele fica entrando e saindo das pinturas nas paredes) e o Spirit Temple, que você precisa resolver usando tanto o Link criança quanto o adulto. As bruxas Koume e Kotake também oferecem uma das lutas mais legais do jogo, com um uso bem criativo do Mirror Shield. Talvez a dungeon mais fraca seja o Shadow Temple, mas ele ainda assim consegue ser memorável te fazendo usar as Lens of Truth. O mesmo eu posso dizer do Water Temple, que já deu muita dor de cabeça para as pessoas, mas que sempre achei bem legal e desafiador, além de ter a luta contra Dark Link, que era legal demais.

Outra qualidade bem forte de Ocarina é ser um jogo longo, mas que nunca parece ser longo demais. É uma aventura cuja progressão simplesmente te deixa satisfeito do começo ao fim e te mantém entretido como poucos jogos. Não era possível encontrar NADA parecido com ele em meados dos anos 90. Não é à toa que ele é o melhor game de todos os tempos para muita gente. Também acho que é o primeiro Zelda a traduzir de verdade a inspiração original de Shigeru Miyamoto ao criar a franquia (para quem não sabe, Miyamoto se baseou nas aventuras que vivia quando brincava numa floresta próxima à sua casa na infância).

Nessas duas décadas entre 1998 e 2018 surgiram muito jogos importantes. Alguns são inclusive melhores que Ocarina, mas ainda assim eu repito o que escrevi lá em cima: nenhum outro jogo teve um impacto tão gigantesco na minha vida quanto ele. Eu pensava em Zelda praticamente todos os dias. Cheguei até a escrever minhas próprias histórias sobre as aventuras de Link com um amigo quando estávamos na quarta série. O fato é que todo mundo deve ter um jogo como Ocarina of Time, um jogo que simplesmente te fisga de um jeito tão maravilhoso que você só pode se apaixonar ainda mais por videogames. Por isso mesmo é até surpreendente que ele não seja meu jogo favorito. Mas nem precisa ser, porque Ocarina se mantém por si só num patamar que é inalcançável e que outros jogos podem apenas sonhar em um dia chegar perto. Então feliz vinte anos, Ocarina of Time. Sem dúvida alguma, um clássico absoluto.

The Legend of Zelda: Ocarina of Time está disponível para Nintendo 64 e GameCube, mas você também pode adquiri-lo digitalmente pelo Virtual Console do Wii e do Wii U, bem como experimentá-lo a partir do ótimo remake para 3DS, Ocarina of Time 3D. O jogo continua incrível mesmo depois de todos esses anos e recomendamos para todas as pessoas.


Sobre o autor

AKA Carlos Strife, é professor de inglês, intérprete e tradutor, mas o coração e a ambição estão mesmo no mundo do cinema e dos games. Seu jogo favorito na vida é Majora’s Mask e ama as franquias The Legend of Zelda, Metal Gear, Final Fantasy e a série Souls (principalmente Bloodborne). Seu gênero favorito é RPG (evite falar com ele sobre isso se não quiser ficar horas na mesma conversa).

Twitter: @CharlSmtgInstagram: @carlosauguls

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