Jogos abandonados ou cancelados da série Silent Hill


É difícil encontra um fã de videogames hoje em dia que nunca pelo menos ouviu falar de Silent Hill, uma das séries de jogos de terror mais populares do mundo. Pode-se dizer que o primeiro Silent Hill revolucionou um tanto o gênero de terror em jogos, trazendo uma atmosfera inspirada por filmes de Hollywood como Alien e as obras do diretor David Lynch, e mais notavelmente contos de terror como o famoso The Mist (“O Nevoeiro”) do renomado escritor Stephen King.

Com o primeiro jogo alcançando um enorme e merecido sucesso, é claro que a partir daí uma franquia se desenvolveria com várias sequências, jogos derivados e até filmes sendo produzidos ao decorrer dos anos. Desde 1999, tivemos altos e baixos na série que por si só mereceriam um artigo próprio um dia, mas hoje nós queremos falar sobre o que se perdeu em todos esses anos da série.

Prepare-se para nossa lista de jogos da série Silent Hill que foram cancelados ou mudados drasticamente ao ponto de se tornarem algo completamente diferente!

Broken Covenant

Depois dos criadores de Silent Hill, a equipe Team Silent, ter desenvolvido quatro jogos de sucesso, a Konami decidiu que estava na hora de colocar a série nas mãos de desenvolvedoras ocidentais… por algum motivo.

Após a dissolução do Team Silent em 2005, o estúdio britânico Climax Studios ficou encarregado de desenvolver o quinto jogo principal da série, Silent Hill: Origins, para PSP e PlayStation 2. Enquanto o estúdio trabalhava nesse quinto jogo precedendo eventos do primeiro Silent Hill, sua subsidiária norte-americana teve uma outra ideia de um jogo na série para o até-então recém-lançado PlayStation 3.

Arte conceitual de Silent Hill: Broken Covenant

“Silent Hill: Broken Covenant”, como foi chamado o potencial jogo, estava sendo desenvolvido na Unreal Engine 3 e iria incluir elementos de stealth ao lado de mecânicas já familiares a fãs da franquia como puzzles e exploração, e uma câmera deixando a jogabilidade semelhante à de Resident Evil 4.

Curiosamente, o jogo não se passaria na epônimo cidade de Silent Hill, mas sim em algum lugar no estado de Arizona, mostrando que a maldição de Alessa Gillespie já estaria se espalhando para além da “colina silenciosa”. Com a corrupção de Alessa distorcendo o tempo e espaço, edifícios e outros aspectos de épocas distintas se materializariam na atualidade. Inimigos recorrentes da série como as enfermeiras sem rosto e até o icônico Pyramid Head retornariam.

Captura de tela de Silent Hill: Broken Covenant

No controle do padre Hector Santos, jogadores poderiam purificar certas áreas através do uso de água benta. Nenhum jogo de Silent Hill está completo se o protagonista não estiver procurando por um ente querido, e Hector não seria diferente. O protagonista viaja de sua cidade no Texas até o Arizona após receber um pedido de ajuda desesperado de sua indefesa sobrinha Anna. Um culto derivado dos seguidores de Samael de Silent Hill, buscam fazer de Anna uma nova Alessa para trazer seu deus maligno à vida.

Quando a Konami recusou a proposta, a Climax ainda tentou passar o jogo simplesmente como “Broken Covenant”, sem conexões a Silent Hill, para outras distribuidoras. A falta de interesse acabou fazendo com que o projeto fosse abandonado de vez.

Dê uma olhada em um vídeo exibindo algumas ideias do jogo em ação, usando o modelo do protagonista Travis Grady de Silent Hill: Origins:

Cold Heart

Esse é talvez o que chegou mais longe em termos de conceito, com uma boa quantidade de material produzida para essa proposta.

Depois do sucesso de Silent Hill: Origins, a Climax Studio desenvolveu e lançou no finalzinho de 2009 o Silent Hill: Shattered Memories, uma “re-imaginação” da história do primeiro jogo com o protagonista Harry Mason em busca de sua filha desaparecida Cheryl.

Em 2014, a Climax Studios organizou um concurso e distribuiu para sete fãs sortudos um documento de 14 páginas detalhando a ideia original que tiveram antes do jogo se tornar uma “re-imaginação”.

Arte conceitual de capa de Silent Hill: Cold Heart

Em “Silent Hill: Cold Heart”, a protagonista seria Jessica Chambers, uma estudante emocionalmente vulnerável sofrendo problemas de estresse que viaja para visitar seus pais. Tal como Harry no primeiro jogo e em Shattered Memories, ela sofre um acidente de carro e vai parar na cidade amaldiçoada. Parece que a história iria tocar em notas semelhantes ao que acabou acontecendo no jogo final, com Jessica também tendo sessões com um terapeuta.

Arte conceitual de Silent Hill: Cold Heart

Vários elementos de jogabilidade de Shattered Memories já seriam incluídos desde o inicio em “Cold Heart”, como os sistemas de perfil psicológico, celular e um outro-mundo de gelo. No entanto, algumas mecânicas da proposta original acabariam sendo abandonadas, incluindo elementos de sobrevivência onde jogadores teriam que gerenciar um inventário, comendo alimentos e equipando vestes quentes, para sobreviver ao frio extremo.

Não escapar rapidamente do outro-mundo poderia se provar fatal, o que aumentaria ainda mais o fator aterrorizante dessas sequências no jogo ao invés de se tornar uma sessão considerada chata por muitos jogadores do Shattered Memories onde tudo que se faz é fugir de monstros e, no final, completar algum tipo de puzzle.

E falando em puzzles, o documento também detalha alguns puzzles que seriam incluídos, providenciando uma experiência bem mais desafiadora do que procurar chaves em latas ou memorizar cores de balinhas coloridas.

No fim, a Konami acabaram optando por homenagear o jogo original com uma “re-imaginação” que acabou não impressionando muitos fãs. Muitos concordam, no entanto, que Shattered Memories teve conceitos interessantes que poderiam ter sido explorados melhor, o que é exatamente o que “Cold Heart” aparentava fazer.

The Box

Silicon Knights foi um estúdio canadense fundado em 1992 que, após perder um processo judicial contra a Epic Games em 2012, fechou suas portas em 2014.

Ainda em 2012, logo após o estúdio ter perdido o processo contra a Epic, um funcionário da Silicon Knights, através de uma postagem no fórum NeoGAF, revelou vários jogos da empresa que foram cancelados, incluindo uma sequência de seu popular jogo de terror Eternal Darkness de 2002 e um outro projeto curioso chamado “Silent Hill: The Box”.

Menu conceitual de Silent Hill: The Box

Tudo que se sabe sobre o jogo é que ele seria um “survival horror de mundo aberto” para PlayStation 3 e Xbox 360. Algumas peças de arte conceitual para “The Box” foram vazadas pelo mesmo funcionário, exibindo um machado, alguns pássaros e uma mansão que ao mesmo tempo que pode lembrar Silent Hill, é também uma típica casa mal-assombrada genérica de histórias de terror.

“The Box” aparentemente nunca foi muito além de ser uma proposta para um Silent Hill, apesar de não sabermos se o jogo sequer foi apresentado e rejeitado pela Konami antes de ser assinado pela Sega. O projeto eventualmente foi renomeado “The Ritualist” e vendido para a THQ, empresa que na época estava passando por dificuldades financeiras e acabou cancelando o projeto.

Silent Hills

Finalmente, vamos falar sobre o elefante na sala. O único jogo da série cujo o desenvolvimento foi anunciado ao publico antes de ser cancelado, e potencialmente o que seria o mais ambicioso da história de Silent Hill.

Falando com o site Eurogamer em 2012, o lendário criador da franquia Metal Gear, Hideo Kojima, contou que o próprio presidente da Konami havia lhe pedido para fazer um novo Silent Hill. Kojima demonstrou interesse em fazer um jogo, dizendo que “existe um certo tipo de terror que só pessoas medrosas podem criar”, o que seria algo que ele poderia fazer.

Dois anos depois, em 12 de agosto de 2014, um “teaser interativo” chamado P.T. (“Playable Teaser”) apareceu na PlayStation Store para PS4. A experiência sinistra obrigava jogadores a andar em um loop por um corredor enquanto eram assombrados pela assustadora entidade chamada de Lisa.

Capa de P.T., o teaser jogável de Silent Hills

Após completarem com sucesso o teaser, jogadores receberam uma surpresa maravilhosa: um trailer revelando a verdadeira identidade de P.T. como Silent Hills, um novo jogo sendo desenvolvido por Hideo Kojima e o famoso cineasta Guillermo del Toro, estrelando o ator Norman Reedus (mais conhecido por seu papel no seriado The Walking Dead) como o protagonista.

Dizer que fãs ficaram empolgados é pouco. O jogo seria desenvolvido na aclamada Fox Engine usada principalmente em Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Especulações e teorias começaram a se espalhar adoidado pela interweb como fogo.

Infelizmente, em março de 2015 foi anunciado que Kojima seria demitido da Konami devido a problemas durante o desenvolvimento de Metal Gear Solid V. Parece que a briga entre o diretor e a empresa foi bem feia. Silent Hills estaria claramente cancelado, com del Toro eventualmente expressando sua frustração em entrevistas.

Muitos fãs, incluindo este que vos escreve, ficaram imensamente desapontados com a decisão da empresa, algo que está sendo sentido até hoje sempre que assuntos sobre a Konami vêm à tona. O fato da empresa estar se preparando para lançar um novo jogo de Metal Gear sem Kojima que é… digamos, questionável para fãs, não ajuda sua imagem.

Mais decepcionante ainda foi quando Kojima revelou que o popular mangaká Junji Ito, famoso por notáveis mangás de terror como Uzumaki, também estaria envolvido com o novo jogo.

Dê uma olhada no trailer conceitual, mostrando um pouco do clima que poderíamos esperar do jogo:

Estes nem são todos as propostas de jogo de Silent Hill abandonados ao decorrer dos anos, outras empresas já tentaram desenvolver jogos da série para o Nintendo DS, por exemplo, sem sucesso. A Konami afirma que está disposta a continuar a série, mesmo com o cancelamento de Silent Hills. A maioria dos estúdios que trabalharam em jogos da série ao menos tentaram trazer o espírito dos primeiros jogos de volta, com resultados variáveis. Não é difícil de imaginar que nesse momento algum estúdio esteja desenvolvendo um novo jogo, talvez até com ideias de Silent Hills, feito até na Fox Engine já que ela pertence à Konami e não ao Kojima. É esperar pra ver mesmo.

Enquanto isso, o trio Hideo Kojima, Guillermo del Toro e Norman Reedus continuam trabalhando juntos, dessa vez em Death Stranding no estúdio independente Kojima Productions. O jogo possui elementos de terror, e pode muito bem vir a ser a próxima grande propriedade intelectual de terror que estamos precisando.

E você, qual desses você mais gostaria que tivesse sido produzido e que ideias espera que a Konami adote para jogos futuros? Deixem seus comentários aqui, ou em nosso Twitter e Facebook.

 

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Minato

Aspirante a escritor e jornalista. Minato é um amante de jogos, cinema, seriados, histórias em quadrinhos, música e tudo relacionado ao Japão. É uma fábrica de ideias que está sempre produzindo cada vez mais, apesar de não colocar nem metade em prática. Seus jogos favoritos são Persona 3, Okami, Steambot Chronicles, Shin Megami Tensei: Nocturne, Portal 2 e a série Kingdom Hearts.