Cardfight!! Vanguard Dear Days | O início de uma nova era!?

Vanguard levantou cambaleante, mas levantou.


Cardfight!! Vanguard é uma franquia que já tem mais de 10 anos e mantém o posto de um dos jogos de cartas mais populares do mundo. No entanto, a marca nunca conseguiu ganhar muito espaço no meio digital. Portanto, o anúncio de Cardfight!! Vanguard Dear Days animou os fãs dedicados da franquia por se tratar do primeiro jogo oficial da série a ganhar uma tradução oficial.

Até o seu lançamento no final de 2022, a franquia possuía apenas quatro jogos que empregavam suas regras oficiais, todos exclusivos do território japonês. Isso acabava criando uma barreira que impedia potenciais jogadores de conhecerem o jogo, já que comprar as cartas físicas fora do país de origem é um investimento considerável, principalmente aqui no Brasil.

Agora, com o jogo em mãos, fica a dúvida: Dear Days atendeu ao que os fãs esperavam? Ele realmente se tornou uma boa porta de entrada para novos jogadores, sendo também um produto atrativo para jogadores antigos? Convidamos você a descobrir as respostas em nossa review.

Dias Preciosos com Vanguard

Cardfight!! Vanguard Dear Days possui uma trama simples e curta, mas que combina com o tom que a franquia tem utilizado em seus animes e mangás mais recentes. No título, o jogador acompanha a história de Yuki Ichidoji – dublada por Yuka Nishio (Rinku Aimoto em D4DJ) -, uma jovem colegial de alto desempenho físico e intelectual.

Depois de entrar no mundo de Vanguard graças ao seu irmão mais novo, Yuki aceita ajudar a reconstruir a lendária equipe Setsugetsuka, precisando derrotar cada um de seus antigos membros, que hoje são líderes de seus próprios times. Nessa aventura, além de conhecer melhor a si mesma, Yuki encontra vários personagens da série de anime mais atual da franquia, chamada Overdress.

Após finalizar a trama da protagonista, outras histórias são liberadas, com perspectivas de outros indivíduos, incluindo seu irmão mais novo, Rasen – dublado por Marina Inoue (Alicia em Valkyria Chronicles) – e alguns personagens de Overdress, como o protagonista Yu-yu Kondo.

A história é apresentada no modelo visual novel. No entanto, não há nenhum tipo de interferência do jogador na trama através de escolhas narrativas, já que Yuki possui personalidade e ideias próprias previamente definidas.

Entre capítulos, os jogadores têm acesso a um mapa interativo com opções de eventos e batalhas extras que não são necessárias para a conclusão da trama principal, mas adicionam um pouco de desenvolvimento aos personagens envolvidos. Tais aventuras também sempre premiam o usuário com cartas novas.

Aproveitando que mencionamos recompensas e batalhas, vamos falar sobre o aspecto mais significativo do título: as batalhas de cartas.

De pé, Vanguard!

Dear Days utiliza as regras mais recentes do jogo oficial e possui um tutorial bem detalhado, que apresenta todos os seus sistemas para jogadores não familiarizados, mas que pode ser pulado por aqueles que já têm experiência. Como a análise não trata profundamente das regras do jogo, falaremos sobre a experiência de batalhar no título.

Com uma interface simples e polida, todas as informações são apresentadas com clareza durante as partidas. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito dos controles, que, principalmente para aqueles que jogam no teclado, podem levar um pouco de tempo para serem memorizados.

As cartas de nível mais alto, que geralmente são usadas como finalizadores de partida, possuem animações ainda mais elaboradas, com referências ao próprio anime. Também existem diversas opções para diminuir efeitos e animações, caso o jogador prefira.

Outro detalhe interessante diz respeito à música das partidas. Existem alguns temas de batalha diferentes, selecionados aleatoriamente no início de cada uma delas. No entanto, ao começar um turno com chance de vitória, uma música especial representativa da nação usada pelo deck do jogador é tocada. Assim, é difícil não se empolgar ao estar prestes a vencer e escutar uma melodia icônica.

Um aspecto negativo desta parte do jogo tem a ver com as habilidades especiais das cartas. Muitas possuem efeitos que podem ser ativados múltiplas vezes em um único momento e o jogador deve confirmar e ver a animação para cada uma dessas vezes, o que torna o processo um pouco maçante. Dessa forma, a implementação de uma opção para automatizar tais situações seria muito bem-vinda.

Caso o jogador tenha dificuldade contra a IA, o modo história conta com diversas habilidades especiais opcionais chamadas D-Skills, que podem facilitar as partidas. Elas possuem efeitos diversos, que variam de aumentar a chance de puxar cartas boas em momentos de necessidade ou fazer o jogador sempre ter o turno inicial.

Ao final de cada batalha, o jogador recebe pontos dependendo de como a partida se desenvolveu, até no caso de derrota. As D-Skills não afetam negativamente a pontuação final e algumas até aumentam o multiplicador total em troca de maior dificuldade durante a partida. Esses pontos são usados na loja para conseguir cartas novas.

Por falar em pontos e lojas, vamos agora tratar do segundo ponto onde os jogadores mais passarão seu tempo: montando e melhorando seus decks.

Montando um deck campeão

Com os pontos obtidos nas partidas, o jogadores tem diversas opções para conseguir cartas novas. Há alguns decks pré-montados e diversos “Booster Packs” (os famosos “pacotinhos”) para escolher. A maior parte deles são adaptações exatas de produtos reais, com as mesmas chances de aparição de cartas, mas há também alguns originais de Dear Days, focados em cartas de nações específicas.

Após conseguir quatro cópias de uma determinada carta, todas as aparições futuras dela serão convertidas em “Crafting Points“, que são usados para fabricar cópias de cartas de sua escolha, com custo proporcional à raridade da carta em questão.

Com novas cartas em mãos, é possível construir novos baralhos, revelando um dos maiores aspectos negativos do jogo: o processo de construção e melhoria dos decks. Com uma interface poluída, mal apresentada e por vezes não intuitiva, é fácil sentir-se sobrecarregado de informações.

Tanto as cartas no estoque quanto no seu baralho são apresentadas em fileiras, com poucas cartas visíveis em um único momento. Além disso, não é possível ler os efeitos delas sem abrir uma janela secundária, tornando todo o processo de aprender como as cartas interagem entre si bem desestimulante.

Jogadores com mais experiência não sofrem tanto disso por já terem na cabeça um deck favorito ou uma ideia de como as estratégias de cada um deles funcionam, mas ainda assim é um processo cansativo no final das contas.

No entanto, este não é o pior ponto negativo do título. Há um aspecto ainda mais triste a ser analisado.

No lose intended!

O maior problema de Dear Days é, sem dúvida, sua tradução. Há todos os tipos de erros: de digitação, frases que não fazem sentido, inconsistências no texto e até seções sem tradução alguma. Em diversas ocasiões na história, os personagens se referem a uma equipe como “Team Lotus”, mas em outras simplesmente a chamam de “Team Renka”.

Depois de uma atualização gratuita depois do lançamento, diversos pontos do texto do jogo foram polidos, principalmente no tutorial, que era praticamente incompreensível em inglês. Ainda assim, é possível encontrar falhas aqui e ali, como na tela de escolha de nações ao criar um deck.

Outra parte pouco trabalhada do título é o modo online, que permite partidas casuais ou ranqueadas. O problema é que o jogo oferece pouca fiscalização de jogadores tomando atitudes irregulares. É muito fácil encontrar jogadores usando trapaças na versão da Steam. Além disso, não há punição para jogadores que fecham a partida no meio, resultando em um empate.

Estes são erros e falhas que não atrapalham totalmente a experiência, mas espera-se um pouco mais de qualidade vindo de um título vendido a um preço elevado, já que até nos Estados Unidos o jogo está na casa dos 70 dólares.

O Fim do Turno

Infelizmente, Dear Days acabou recebendo muito mais hype do que merecia, já que os fãs esperavam que ele fosse um divisor de águas completo. Apesar de não ser esse jogo dos sonhos, ainda é um título decente que definitivamente pode atrair novos jogadores e entreter aqueles já experientes.

Ao fim do dia, acaba ficando um gosto de quero mais, um desejo de que a Bushiroad invista em um título mais parecido com Yu-Gi-Oh! Master Duel: um simulador oficial com atualizações constantes e suporte dedicado a multiplayer online. Até lá, os fãs de Vanguard terão de esperar mais um pouco. Ainda bem que estão em boa companhia.

Ao fim do dia, acaba ficando um gosto de quero mais, um desejo de que a Bushiroad invista em um título mais parecido com Yu-Gi-Oh! Master Duel – um simulador oficial com atualizações constantes e suporte dedicado a multiplayer online. Até lá, os fãs de Vanguard terão que esperar mais um pouco.


VEREDITO

Mesmo não sendo a experiência ideal, Cardfight!! Vanguard Dear Days proporciona diversas horas de diversão e batalhas intensas. O fato de o jogo também ter uma demo gratuita já é motivo o suficiente para que jogadores amantes de card games deem uma olhada no título.

Análise baseada na versão do jogo para PC via Steam.

Texto por Antônio Marconi
Revisado por Willyan Cavalcanti

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Dola

Conhecido como Ralphdro, está desbravando a língua japonesa enquanto sofre no Gacha Hell dos mobage. Amante da cultura japonesa num todo, arquitetura, música, literatura e tudo o mais. Algumas de suas franquia favoritas são: Fate, MegaTen, Metal Gear, Yakuza e Kingdom Hearts.