Asura’s Wrath | #DensetsuIndica


Durante o desenvolvimento de um jogo, é geralmente comum que se pense antes na jogabilidade e depois na narrativa do jogo. Isso é especialmente verdade para jogos de ação, onde elementos da história são criados a partir das mecânicas de gameplay. Porém, de vez em quando vemos jogos que focam mais em contar suas histórias, como é o caso de jogos do gênero de aventura. No #DensetsuIndica de hoje, vamos falar sobre um título que talvez você possa considerar sobre o gênero “ação-aventura”, mas é geralmente considerado puramente um jogo de ação, só que com um foco principal em história: Asura’s Wrath!

Esse título da Capcom foi lançado mundialmente em 2012 para PlayStation 3 e Xbox 360, desenvolvido pela CyberConnec2, mais conhecida pelas séries .hack e Naruto Ultimate Ninja.

Arte da capa japonesa de Asura's Wrath para PS3.
Capa japonesa de Asura’s Wrath (PS3)

Asura’s Wrath é um jogo que nunca deixa de me impressionar, mesmo anos depois de seu lançamento. Ele é com frequência comparado à série God of War devido à sua história que coloca jogadores em batalhas contra entidades budistas e hinduístas, e também ao popular mangá/anime Dragon Ball Z por causa das incríveis lutas entre esses seres extremamente poderosos. E o jogo de fato mostra sua inspiração por animes.

Sendo contada através de capítulos simulando episódios de um anime de TV, a história se passa em um mundo ameaçado por criaturas demoníacas chamadas de Gohma. Para enfrentá-los e “purificá-los”, existem os Oito Generais Guardiões, semideuses ciborgues extremamente poderosos. Nosso protagonista, o general Asura, é pai da pequena sacerdotisa Mithra que usa suas preces para fortalecer ele e os outros generais nas batalhas contra os Gohma.

Asura acaba se vendo em conflito contra aqueles que estavam ao seu lado quando um dia ele encontra o imperador morto após ter sido chamado. Sendo acusado de tê-lo matado, Asura é obrigado a se defender violentamente de guardas acompanhados de Wyzen, um de seus antigos companheiros generais. Eventualmente, Asura descobre sua esposa fatalmente ferida e sua filha raptada por Deus, o próprio líder dos Oito Guardiões, agora conhecidos como as Sete Entidades, e verdadeiro assassino do imperador. Asura deverá usar sua raiva imensurável em uma jornada para aniquilar os semideuses traidores e resgatar sua filha.

Captura de tela do jogo Asura's Wrath
Você realmente tem que enfrentar um deus gigantesco do espaço tentando te esmagar com o dedo.

A jogabilidade de Asura’s Wrath será familiar para quem já jogou os títulos mais recentes da série Naruto Ultimate Ninja Storm, o que é contribuído pelos gráficos “estilo anime” com excelentes expressões faciais nos modelos dos personagens. Tal como Ultimate Ninja Storm em alguns momentos surpreende com uma mudança em seu estilo tradicional, Wrath mistura ainda mais estilos. Em alguns momentos você estará enfrentando inimigos na porrada como um jogo beat ‘em up, em outros de longe com tiros como em um rail shooter, e também acertando comandos de quick time event em cenas cinematográficas (exatamente como em Storm).

A história e a jogabilidade é acompanhada de uma fantástica trilha sonora composta por Chikayo Fukuda. Apesar das musicas originais do título serem boas por si só, uma batalha específica se destacou para mim (e provavelmente muitos outros que jogaram) por ela acontecer ao som da clássica Sinfonia n.º 9 de Antonín Dvořák. A cena toda ficou impressionante não só porque a música combinou perfeitamente com a luta entre dois personagens se enfrentando de igual para igual com habilidades e aparência semelhante, mas também porque ela inesperadamente ocorre em solo lunar (!!!) e a partir daí simplesmente continua escalando de forma absurda, eventualmente levando à minha cena favorita do jogo.

Gif de Asura's Wrath exibindo o personagem principal levando um soco.

E acho que essa é a palavra chave: absurdo. Ou talvez, insano. O jogo apresenta uma história e cenas imprevisíveis devido à escala enorme que a batalhas tomam, causando destruição em massa pois esses combatentes são basicamente deuses de força inimaginável. Asura’s Wrath não pega leve, ele exagera mesmo e apresenta conceitos que, falando, soam (e são) absurdos e insanos, mas quando visto são incríveis. Estamos falando de um jogo que mistura elementos de ficção científica como naves espaciais e personagens inspirados pelo hinduísmo e budismo.

A FORTALEZA ESPACIAL DOS SEMIDEUSES TEM O FORMATO DE UM BUDA GIGANTE!

Imagem da fortaleza Karma Frotress de Asura's Wrath
Às vezes é difícil de acreditar que esse jogo é real…

Uma DLC interessante do jogo também contribui com sua mania de surpreender todos com coisas inesperadas, misturando o Asura’s Wrath com Street Fighter IV. Rodando na engine do jogo de luta da Capcom, jogadores enfrentam os personagens Ryu e Akuma, sendo a luta contra esse último também uma das mais insanamente espetaculares do título.

Talvez o que mais decepcione no jogo sejam as múltiplas DLCs de capítulos “não contados”, apresentando novas cenas animadas de quick time event que servem para preencher espaço entre os “episódios”. O final “verdadeiro” também foi lançado como DLC, algo que só alimenta ainda mais discussões sobre práticas injustas de conteúdo adicional que empresas tentam forçar seus fãs a comprarem, algo pelo qual a Capcom já estava sendo criticada bastante na época devido à controvérsia de conteúdo trancado em disco do jogo Street Fighter X Tekken.

De qualquer forma, Asura’s Wrath foi um jogo simplesmente surpreendente como nenhum outro, que infelizmente foi um tanto esquecido desde seu lançamento. É algo bem diferente vindo da empresa dos jogos de Naruto e .hack, e que eles até hoje não tentaram replicar. Seria muito bom se esse jogo fosse portado para consoles da geração atual e/ou PC, ou até se recebesse algum tipo de sequência. Até lá, ficamos na esperança…

Dê uma olhada no trailer do jogo abaixo que inclui um pouco da cena de luta na lua que mencionei:

 

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Minato

Aspirante a escritor e jornalista. Minato é um amante de jogos, cinema, seriados, histórias em quadrinhos, música e tudo relacionado ao Japão. É uma fábrica de ideias que está sempre produzindo cada vez mais, apesar de não colocar nem metade em prática. Seus jogos favoritos são Persona 3, Okami, Steambot Chronicles, Shin Megami Tensei: Nocturne, Portal 2 e a série Kingdom Hearts.